Arrumação
Alinho quadro penso
Aparo as arestas
Ajeito mechas na testa
Varro cabelos ao vento
Guardo tudo sempre
naquele mesmo lugar
A chave ao lado da porta
O controle sobre o sofá
Em baús, as coisas rotas
Na cabeceira, coisas de ninar…
Do caos, que a tudo deu à luz
Sou filho desgarrado
Que me preguem na cruz
Mas não preguem torto
O natural é o desigual
Mas ponho estrelas em constelações
Podo os galhos, pau a pau
Vou e cato meus feijões
Que há de mais belo que a simetria?
E de mais horror que o oʇıǝɟǝp?
Com métrica se faz poesia
Com rima, então, me deleito
É mal nosso, atômicas crias
A paixão platônica pelo perfeito.