O Fim do Mundo está Próximo!
Se o mundo acabasse na próxima semana, o que você faria? Correria pelado? Torraria a poupança? Entraria em coma alcoólico? Eu provavelmente buscaria reunir a família e os amigos para reviver as melhores lembranças, afinal, talvez os momentos sejam a única bagagem que levamos daqui, e não há bons momentos sem as pessoas que amamos. Apesar de haver a melancólica hipótese de que no fim da nossa existência haja somente o mais puro vazio, um limbo sem memórias e de silêncio absoluto…
Como o mundo irá acabar? Na Bíblia, o prenúncio do famoso Apocalipse é dado pelos quatro cavaleiros: Peste, Guerra, Fome e Morte. No entanto, acredito que esses cavaleiros têm circulado entre nós desde os primórdios. Para muita gente o mundo já acabou faz tempo, pior que o fim do mundo é o fim do mês, como afirmou Zeca Baleiro. A peste maior somos nós, que destruimos nossa casa a marretadas. O ser humano ama a destruição porque ela é veloz, nós somos imediatistas. Construir é um processo lento demais para nós mortais, só a natureza entende a importância da vagarosidade, poucas pessoas cogitam plantar uma árvore que só dará sombra após a sua morte.
O mundo já acabou várias vezes. Quem não lembra do famoso Bug do Milênio? Certo, talvez os mais jovens desconheçam. Foi em 1999, quando o mundo vivia um boom tecnológico. Diziam que na virada do ano 2000 os computadores seriam dizimados pelo YK2 Bug. Acreditava-se que o erro generalizado nas máquinas poderia levar ao cataclismo com eventos como explosões nucleares, queda de aeronaves, destruição de grandes estruturas etc… Somada a isso, havia uma previsão de Nostradamus de que o mundo acabaria em setembro de 1999. Depois, em 2012, falaram que seria o fim do mundo em razão do fim de um ciclo no calendário Maia. A previsão rendeu até um filme, que foi tão ruim que era melhor o mundo ter acabado mesmo para a gente não ter o desprazer de ver. Para a nossa felicidade o mundo não bateu as botas, mas pior que o fim do mundo é quando ele não acaba. Imagina só, você fazer todas as loucuras que sua mente perturbada sempre sonhou em realizar e no dia seguinte ter que lidar com as consequências, seria o fim dos tempos.
Sabiam que tem um relógio que marca o quão próximos estamos do fim do mundo? É chamado de Relógio do Juízo Final. Monitorado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos desde que foi criado em 1945, ele avalia a probabilidade de a humanidade adentrar num inverno nuclear, aquele tipo de inverno em que um casaquinho não poderá lhe salvar. Se ele chegar a marcar meia-noite é porque o mundo irá dormir para sempre e, pasmem, atualmente ele está a apenas 100 segundos da meia-noite, ou seja, nunca estivemos tão próximos do apocalipse. A humanidade têm se esforçado bastante para pôr um fim em si. Se a humanidade fosse uma pessoa, estaria se injetando com as drogas mais letais, se automutilando e inalando os vapores mais tóxicos. Somos uma peste no organismo do planeta. Temos a imensa sorte de ter o contrapeso da natureza, que responde muitas vezes furiosa aos atentados que causamos contra ela. A Mãe Natureza amamenta, mas também sabe dar umas boas palmadas, e a sua palavra é sempre final.
Solto aqui uma frase do escritor japonês Haruki Murakami: “No fundo, todos aguardam o fim do mundo”. Acho que as pessoas, em seu íntimo, torcem para que o mundo acabe, para que enfim se revele algo diferente, algo transcendental, que cure o vazio e a monotonia que perpetua pela limitação dos pobres mortais. Somos fascinados pelo fim, ou pela ausência dele, a gente não quer que a vida acabe, mas ao mesmo tempo ninguém gostaria de viver para sempre, então só nos resta o meio, e temos que nos contentar com isso.
Calma, não se desesperem, o mundo não vai acabar, só nós, humanos, que deixaremos de existir, mas somos tão egoístas que somos “o mundo”. Para a natureza será só mais um capítulo em sua história. O fim do mundo não seria um ponto final, mas um ponto de reticências… E se a física estiver certa, seria o fim de apenas um dos mundos entre milhares de cópias dentro do emaranhado infinito do multiverso.
Acho que deveríamos viver como se amanhã sempre fosse o fim do mundo, aquele bom e velho clichê do “viva como se não houvesse amanhã”, pois como diria Renato Russo: “porque se você parar pra pensar, na verdade não há”. Se o mundo acabasse hoje, você estaria em paz? É esse questionamento que devemos fazer para desvendar se a vida está sendo satisfatória e correr atrás da felicidade se a resposta for não. Lembre-se deste dizer do escritor Richard Bach: “O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta”.
Por fim, encerrada a última temporada do “mundo”, virá uma nova espécie dominante, e eu aposto nas baratas, aquelas bestas voadoras saídas das profundezas do inferno. Ora, além de quase imortais, ainda têm sangue de barata. Elas estão no pódio da corrida evolutiva e tramando no esgoto a nossa extinção. Bem, não é o fim do mundo, mas é o fim desta crônica.
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