Pernas Cruzadas
Hoje li na internet que cruzar as pernas pode ter um efeito desastroso em nossa saúde: entorta o quadril e a cabeça, pode formar coágulos e atrapalha nossa circulação sanguínea como um todo. Todo dia eu descubro que a vida está tentando me matar de alguma forma. Atualmente, o Dr. Google é nosso médico particular, quase sempre nos diagnosticando com doenças leves como câncer, Alzheimer e Mal de Parkinson. Neste exato momento, estou batalhando contra meu cérebro masoquista para descruzar as pernas, já que ele faz questão de destruir o próprio corpo que controla.
A vida é assim, uma constante guerra para enganar a morte. Se você se alimenta bem, parabéns, você ganhou aproximadamente treze anos a mais na sua expectativa de vida. Agora, se você está escovando os dentes só uma vez ao dia, não vai adiantar muita coisa, pois isso irá aumentar em 70% o seu risco de desenvolver doenças cardíacas. Sabia que comer um cachorro-quente pode ocasionar a perda de 36 minutos de vida? Não me pergunte como os cientistas chegaram a essa conclusão.
Mais uma vez me peguei cruzando as pernas, um hábito maldito. O hábito pode ser o maior inimigo da nossa longevidade. Uma vez que inserimos algo na nossa rotina, nosso corpo não quer mais largar, se torna uma espécie de droga que nos traz torpeza e uma agradável e ilusória felicidade. A internet veio para agravar esse nosso quadro já moribundo, proporcionando a nós uma verdadeira fábrica de prazeres e procrastinação. No entanto, graças a ela descobri que não devo ficar com as pernas cruzadas e também que o tempo excessivo de telas pode afetar minha memória, aprendizagem e concentração, mas ainda assim passo o dia em frente a elas. A ignorância é uma benção, principalmente quando optamos por ela, mas é só um disfarce que a gente veste.
Lá vai eu cruzando as pernas novamente. Trabalho sentado o dia todo e minhas pernas são inquietas, como se gritassem para sair correndo dali, discordando do meu cérebro preguiçoso. Aliás, ficar sentado por muito tempo é tão perigoso quanto subir o monte Everest. O sedentarismo bate na nossa porta e deixa de presente uma cesta sortida com diabetes, câncer e doenças cardíacas. Ora, para morrer basta estar vivo. Se a gente come demais ou de menos, morremos. Se a gente dorme demais ou de menos, morremos. Se respiramos, podemos estar inalando substâncias nocivas que podem nos matar em alguns anos. Essa semana li uma notícia de uma mulher que morreu ao beber 2 litros de água em 20 minutos, ou seja, se bebemos água demais, morremos, se bebemos de menos também. Basta um pequeno vacilo e logo estaremos numa cama de hospital…
Nosso corpo é como se fosse uma vizinhança unida, onde uma boa comunicação para uma convivência saudável é essencial. Uma vez que um dos órgãos não está bem, ele vai bagunçar todo o nosso ecossistema. Até o injustiçado apêndice, o equivalente ao vizinho chato, tem alguma função no organismo. Por isso, temos que ficar atentos a nossa carne, pois é como uma criança levada, cheia de quereres. Ela vai lhe pedir doces, frituras, álcool, Netflix, games e uma infinidade de outras coisas deliciosas, mas cabe a você lhe dar uma folha de alface para mostrar quem é que manda. Ainda nos resta um pouco de consciência para nos ater, mas tenho que avisar a ela para, pelo amor de Deus, descruzar essas malditas pernas!
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