“Santinhos”

Dia 06 de outubro, eleições municipais, as ruas estão inundadas de santinhos estampando o rosto dos demônios. O número da besta ao som dos bipes das urnas.

Enquanto isso, milhões de pés pisoteiam os panfletos que navegam no mar do vento. Os garis terão muito trabalho para limpar a sujeira, mas a imundície permanecerá pelo período de 4 anos e adiante.

Todos os pecados serão ratificados pelos dedos comprados mediante moedas de troca. Promessa é dívida, e levam a sério no voto de cabresto, o gado bem domado dentro do cercado…

Filas enormes nas zonas de votação. Cada ser ali presente carrega dentro de si um otimismo cego, de uma mudança que certamente não virá. Há também aqueles que nem tirarão a bunda do sofá, já desacreditados da política que virou um assento de couro italiano para aqueles que buscam o luxo de ter um cargo público. Pagarão a multa irrisória por não ter cumprido o dever cívico. O voto a meu ver não deveria ser dotado de obrigatoriedade, isto vai contra a liberdade tão celebrada em nossa Constituição. Mas é que, quando falamos de eleições, o jogo muda, vale tudo, é preciso fomentar o sistema que nos domina, o sistema que aceitamos calados. Claramente, também haverão os que estão ali meramente para cumprir o favor devido, pensando nas vantagens que obterá em caso da vitória de seu político de estimação. Estes serão os primeiros a reclamarem dos serviços não prestados pelos representantes eleitos. Afinal, quem representam esses representantes? Afirmo que representam seus interesses íntimos apenas.

As eleições são uma loteria maravilhosa. Tirando o bilhete premiado à custa dos trocados do povo, é possível gozar de regalias diversas, como o hilário auxílio-paletó, como se o salário de 39 mil reais não fosse o suficiente para comprar um terno. A política por aqui nunca passou de um jogo de interesses, um toma lá dá cá que, não sendo obedecido, logo desfavorece os honestos. Quem entra nessa lama é para se sujar. No entanto, no fim, todo o esgoto despeja sobre o povo…

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