Sobre Janelas e Moscas

Adriel Alves
2 min readFeb 10, 2023

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Contemplando o ato aparentemente estúpido de uma mosca se chocando contra a janela na tentativa vã de chegar ao outro lado, eis que me surge na mente a seguinte indagação: não somos nós como essa mosca? Tantas vezes vislumbramos um horizonte cheio de possibilidades mas insistimos em nos esbarrar em barreiras invisíveis, muitas vezes criadas por nós mesmos.

Não importa o quanto seja persistente, a mosca nunca vai conseguir quebrar a janela e atravessá-la, mas ela garantirá a sua liberdade se buscar outra janela, e há várias delas. Algumas vistas por trás do vidro são tão tentadoras que cegam a pobre mosca, e na fissura pelas maravilhas do outro lado ela sacrifica a própria liberdade, esquece que há outros caminhos para a felicidade, nunca haverá somente uma janela.

Você deve estar pensando: a mosca só está se batendo contra a janela porque ela é burra. E nós? Que várias vezes na vida nos chocamos contra o vidro, tentando quebrá-lo à força e nos cortando nas tentativas. Nós, peixinhos num aquário, moscas impacientes, cegos; enganados por uma transparência ilusória.

Rosseau disse que o homem nasceu livre, mas por toda parte vive acorrentado, ou seja, nós criamos nossas próprias prisões, nossas próprias barreiras vítreas. Estas prisões nos enganam pois se vestem de um lar confortável e aconchegante, uma maresia que inebria a tal ponto que não vemos as grades ao nosso redor. Pois bem, pequena mosca, de nada adianta insistir num caminho se ele é um beco sem saída.

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Adriel Alves

Poeta e cronista. Integrante do portal Fazia Poesia e da Impérios Sagrados. IG: @purapoesiaa. Inscreva-se no link: https://adriel-alves.medium.com/subscribe