Sobre o Vazio que Contemos
Somos noventa por cento vazio
Um largo vão entre os átomos
Por isso a vontade de devorar tudo
Antes que sumam num átimo
Por isso o desejo de alimentar a carne
Para que se supra o oco ávido.
A vontade é um ácido fora do estômago
Tem-se fome até do que foge à vista
Principal manjar do âmago
O palpável não sacia e não excita.
Viver é mastigar ou ser mastigado
O tempo aos poucos nos rumina
Feito uma grama na boca do gado
E depois cospe na terra
como um caroço de melancia
que parte para viver outra vida.
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